segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

PERMAFROST SIBERIAN


I - GELIFAZENDO-SE

Não significa que sinto
Tantos recortes inúteis
Confesso que minto
Sentimentos tão fúteis.

Palavras improváveis
Mãos de mente perigosa
Versos descartáveis
Boca de lábia duvidosa

Não significa que choro
Perfídia em lágrimas
Tanto quero e ignoro
Amores em lástimas.

Esqueça a emoção
O gelo derretido
Mas o aço do coração
Anda um pouco retorcido


II - MIMOSA PUDICA

Significa fingir
Sentir tudo e não expressar nada.
Mas não é fácil mentir.
Palavras ficam como tatuagem marcada.

É rezar pra alguém abrir a porta.
Cantar solidão assobiando companhia.
Coração que se fecha como folha morta,
quando quer pulsar no ritmo da arritmia.

Sorriso sem sinceridade.
Tempo que sempre parece ser cedo.
Personagem sem autencidade,
Sempre esconde um segredo.

Ser fortemente um fraco.
Desfazer e não acreditar
Guardar um brilho opaco
No fundo é só medo de amar.


III - FUSÃO

Coração de aço,
Forjado no calor.
Perde o compasso
Em contato com o amor.

Coração de gelo,
Moldado na frieza.
Se derrete inteiro
No fogo da beleza.

A chama que derrete é a mesma que endurece,
Depende da intensidade.
A flama que inflama é a mesma que aquece,
Depende da veracidade.

Dor, amor ignorado, coração retorcido.
Frio sem emoção, se perde em segredo.
Duro, sentimento pré-moldado, vida sem sentido.
Lá vem outro amor, se despede do medo.

Tente, dessa vez é à vera.
Deixa o gelo derreter no calor, quebrou o aço.
Sente, lá vem a primavera!
Deixa o coração se abrir em flor, em laço.


(Caio Dimitri/Lucas Souza)

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