quarta-feira, 13 de outubro de 2010

DIMÍTRICO II


És ardilosa e voraz, vida minha!
Deixa-me padecer à beira do controle
Concedendo-me as rédeas tênues da razão
Inócuas firulas dentre espinhos em flores
Abandona-me no jardim ermo da escuridão
Para, então, render-me indefeso ao medo
Alia-se ao tempo, meu algoz cretino
E enquanto enlouqueço em segredo
Aperta o gatilho e dispara o destino
À queima-roupa, inapelável!
Sorria, abjeta e famigerada!
Aproveita-te do malogro que produz
Pois em teu escárnio e voz destemperada
Ainda vejo o túnel no fim da luz!

(Caio Dimitri)

O título: sugestão de Rafael Fontana.