sábado, 28 de abril de 2012

A CONQUISTA DA INCERTEZA


[Perdoe-me, pois]

Mal nos conhecemos
E já nos estranhamos
O encontro que tivemos
Melhor que esqueçamos

[Entenda que]

Sou pouco paciente
É verdade e não nego
Mas apesar de atraente
A você não me apego

[Engraçado esse]
 
Nosso pacto silencioso
De querer e não-querer
Nesse jogo despretensioso
Impossível de resolver

[Apesar de tudo]

Não há “não quero”
Tampouco vil obsessão
Apenas não te espero
E você diz “ ainda não”

[...assim despeço-me.
Lá, adiante, quem sabe?
Será melhor seguir em frente? 
Será que nos encontraremos novamente?
Será que fiz algo errado?
Será que deveria ter me calado?
Será que devo ligar?
Será que ela vai retornar?
Será que ela gostou?
Será que ela acreditou?
Será que é amor?
Será cego o amor?

Então, "acho que vou comprar uma bengala para mim...love's so strange"] ¹


¹ Alusão à música "Locomotive" - Guns n' Roses (Use Your Ilusion II - 1991)


AGUARDE NA LINHA


Resolvi te ligar, enfim
Pela primeira vez
Desde que fui embora

Ensaio poucas desculpas
Hesito diante do send
E você não me atende

Tempo depois, por fim
Letras e desfaçatez
Numa fria mensagem

“Não me ligue agora”
“Não estou disponível”

Não insistirei, enfim
Ao menos dessa vez
É você que me ignora

Verdade, não imaginei
Que minha demora
Fosse tão fora de hora

A tua resposta, porém
Me deixou intrigado
Mas, confesso, aliviado

Só assim aprendi que
Tua caixa postal prospera
Sem chamada em espera

PSICASTENIA


Em lugar nenhum...

Um dedal de verdade
Esconde sob a máscara
O sangue dos espinhos

Em algum lugar...

Da verdade pela metade
O palhaço sob a máscara
Faz do sangue seu vinho

E nem dói tanto assim.