quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

 
Folhas.
Secas.
Árvore estripada.
Flores.
Mortas.
Terra esterilizada.

Ah, meu belo jardim.
De cínicas larvas
E borboletas tortas.
De pássaros sujos
E vespas perigosas.

Vistoso e singelo.
Estás tão belo!
Teu hábil jardineiro
Dedicou-se por inteiro
A cultivá-lo maldito.

Ah, os preciosos espinhos!
Espalhados pelos caminhos
Freneticamente afiados
No solo infértil forjados
À sombra do mesquinho.

Mas eis que, de repente
A luz outrora fugiente
Semeia as velhas cinzas
Das asas do novo Benu.

Meu jardim, agora, é primavera.
Onde o amor, hoje, prima, à vera.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

ESFINGE


Daqui da sombra:

O Sol não cega
A Lua não apaga
O tempo não abala
O pulso não acelera
O coração não dispara
A dor não dilacera

E o sopro frio insiste...

...a consciência persiste:

A sorte não espera
O gelo não quebra
A cor que desbota
A alma que renega
A música então para
O amor sempre cala
 
E você, como sempre, finge!

(Caio Dimitri)

SAUDADE


Aquele segundo que não contei
Hoje soa em silêncio tão aveludado
E o retrato que dizes passado
Chamo simplesmente de saudade.

(Caio Dimitri)

FUTURO DO PRETÉRITO


Brindo a cada vívida lembrança!
Mesmo que a consciência me seja breve
Mesmo no lacônico desabafo que me atreve
Ainda reconheço aquele tenro olhar.

Com as mãos suplico ao tempo
Permissão pra me deixar passar
E ao mundo ainda poder abraçar
Revivendo minha eterna pequenez.

E o sorriso tímido que me assola
Tão discreto quanto minha insegurança
Renova a descoberta em cada esperança
Mantém meu brilho imaculado sobre o mundo!

(Caio Dimitri)

sexta-feira, 4 de março de 2011

"— E você, por que desvia o olhar?


(Porque eu tenho medo de altura. Tenho medo de cair para dentro de você. Há nos seus olhos castanhos certos desenhos que me lembram montanhas, cordilheiras vistas do alto, em miniatura. Então, eu desvio os meus olhos para amarrá-los em qualquer pedra no chão e me salvar do amor. Mas, hoje, não encontraram pedra. Encontraram flor. E eu me agarrei às pétalas o mais que pude, sem sequer perceber que estava plantada num desses abismos, dentro dos seus olhos.)

— Ah. Porque eu sou tímida."

Rita Apoena

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

VALEU, RONALDO!!


As lendas surgem para explicar acontecimentos misteriosos ou sobrenaturais que fogem à compreensão humana. É um amálgama de realidade e fantasia contada através dos tempos. Os mitos, por sua vez, surgem numa tentativa de explicar acontecimentos naturais, utilizando-se de personagens sobrenaturais, deuses ou heróis. Entre lenda e mito, houve um tempo em que um homem assombrou o mundo com seus dribles fantásticos. Com sua arrancada fenomenal. Com sua técnica apurada aliada à extrema força física. O anjo que por tantas vezes teve suas asas quebradas, maltratadas, ressurgia das cinzas sempre quando necessário. Carregava a dádiva do renascimento. E não foram poucas vezes. Mas o ser humano tombou. Sucumbiu às chagas que por tanto tempo o perseguiram. O corpo já não acompanhava a genialidade de sua mente. Aos campos, não mais retornará. Haverá um tempo em que alguns não acreditarão em sua existência. Outros tantos duvidarão de seus feitos. Mas, o tempo perpetuará sua história.  E do homem nasce a lenda. Do herói, o mito. O Fenômeno, eterno.
(Caio Dimitri)
Depois de algum tempo sem escrever, eis minha homenagem à um ídolo. Abro uma exceção à poesia...