quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Enquanto você disfarça
Faz
Refaz
Desobedece a métrica
Ri
Rima
Enquanto isso
Isto
E aquilo
Vou escrevendo
A entrelinha
Que falta nesse teu
Meu
Verso

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

SAMSARA


Eis senão quando
Senti uma vontade
Efêmera saudade

De fazer o pranto
Novo de novo

De sobreviver à dor
Morrer uma vez mais

Recobrar a alegria
Dos versos perdidos
Nas orgias de sentimentos remidos

sábado, 28 de abril de 2012

A CONQUISTA DA INCERTEZA


[Perdoe-me, pois]

Mal nos conhecemos
E já nos estranhamos
O encontro que tivemos
Melhor que esqueçamos

[Entenda que]

Sou pouco paciente
É verdade e não nego
Mas apesar de atraente
A você não me apego

[Engraçado esse]
 
Nosso pacto silencioso
De querer e não-querer
Nesse jogo despretensioso
Impossível de resolver

[Apesar de tudo]

Não há “não quero”
Tampouco vil obsessão
Apenas não te espero
E você diz “ ainda não”

[...assim despeço-me.
Lá, adiante, quem sabe?
Será melhor seguir em frente? 
Será que nos encontraremos novamente?
Será que fiz algo errado?
Será que deveria ter me calado?
Será que devo ligar?
Será que ela vai retornar?
Será que ela gostou?
Será que ela acreditou?
Será que é amor?
Será cego o amor?

Então, "acho que vou comprar uma bengala para mim...love's so strange"] ¹


¹ Alusão à música "Locomotive" - Guns n' Roses (Use Your Ilusion II - 1991)


AGUARDE NA LINHA


Resolvi te ligar, enfim
Pela primeira vez
Desde que fui embora

Ensaio poucas desculpas
Hesito diante do send
E você não me atende

Tempo depois, por fim
Letras e desfaçatez
Numa fria mensagem

“Não me ligue agora”
“Não estou disponível”

Não insistirei, enfim
Ao menos dessa vez
É você que me ignora

Verdade, não imaginei
Que minha demora
Fosse tão fora de hora

A tua resposta, porém
Me deixou intrigado
Mas, confesso, aliviado

Só assim aprendi que
Tua caixa postal prospera
Sem chamada em espera

PSICASTENIA


Em lugar nenhum...

Um dedal de verdade
Esconde sob a máscara
O sangue dos espinhos

Em algum lugar...

Da verdade pela metade
O palhaço sob a máscara
Faz do sangue seu vinho

E nem dói tanto assim.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012



Dia desses ouvi uma pessoa dizer: 

- Namorei muito tempo com alguém, mas no fundo sabia que ela não era o que sempre desejei. Agora, não. Dessa vez é diferente. Tenho certeza que encontrei o amor de minha vida.

Tomara que ela esteja certa, mas não acredito. 
Não há muita lógica nessa coisa toda. 
Essa sensação de um amor para toda vida é tão efêmera quanto todos aqueles beijos de carnaval. 
No mais, a verdade é que sempre tive vontade de dizer a alguém, e poderia ter sido ela:  

- Conforme-se com a possibilidade de que você pode não ser o amor da vida do amor de sua vida. Mas, enquanto durar, experimente a eternidade. 


terça-feira, 17 de janeiro de 2012

O amor, definitivamente, não é facilmente explicável.
Parafraseando Santo Agostinho:
- O que é, portanto, o amor?
- “Se ninguém me pergunta, sei; se eu quiser explicar a quem me pergunta, não sei”.
O amor é como a profecia.
Situa-se no campo das possibilidades.
Às vezes absurdas.
Alguns esperam que aconteça. Outros, temem.
Só conseguiremos reconhecê-lo, entretanto, depois que, de fato, acontecer.
E me...smo com toda expectativa, a surpresa sempre será maior.
Seja no amor.
Seja na profecia.